terça-feira, 3 de março de 2009

Modismo Linguístico - um esboço

A moda está em todo lugar, de roupas e penteados até música e língua portuguesa. Muitas dessas modas vão e vem; outras deixam simplesmente de ser moda e passam a fazer parte de nossas vidas.

Uma expressão que está - há um bom tempo - na boca do povo é o “a nível de”. “A nível de repertório o disco é ótimo”, basta dizer: “o repertório do disco é ótimo”. Os linguistas chamam essa, e mais outras formas, de muleta. Assim como existem pessoas que precisam de muletas para andar, algumas precisam para falar e escrever.

Outro exemplo de modismo é a expressão “no sentido de” no lugar de “para”. “Estamos trabalhando no sentido de conseguirmos verbas...”, a tentativa de embelezar, sofisticar, a frase é falsa. Na tentativa de deixar a frase mais apresentável, a língua vira algo oco, esquisito, artificial.

Outra mania - que já virou moda – é usar três verbos – o conhecido gerundismo ou telemarketing. “A gente vai estar enviando” ou “gostaria de estar recebendo?”, típicas frases das graciosas atendentes de telemarketing que já estão na boca do povo. “O gerundismo (abuso do gerúndio) é um fenômeno linguístico relativamente recente, que aparece em determinados contextos e em situações de formalidade. Há quem diga que essa construção abusiva do gerúndio se deve à tentativa de tradução da estrutura do inglês "will be + gerúndio". Dessa forma, nota-se que o problema é realmente de tradução, pois o gerúndio do inglês nem sempre equivale ao do português. Isso também pode ser explicado por uma tradução apressada dos manuais que vem do exterior, utilizados por empresas de atendimento a clientes e telemarketing. Esse tipo de construção deve ser substituído pela forma clara e direta: ‘Eu vou enviar o sedex’ e ‘Eu vou confirmar os seus dados’.”

Outros modismos podem ser encontrados. Gírias, bordões criados ou amplificados por personagens populares da televisão e embelezamento de frases. Romildo Guerrante escreveu para o Observatório da Imprensa, em 26 de agosto de 2008: “Ninguém discute este ou aquele assunto, mas ‘sobre’ este ou aquele assunto. Ou ‘a respeito de’, como se diz nas dublagens dos filmes do TV, hoje assimiladas pelas novelas e irremediavelmente condenadas ao sucesso. Aliás (já substituído por ‘inclusive’), ninguém pede socorro nas situações de aflição, pede-se que alguém as ajude. Já disse aqui em casa mais de uma vez: não pretendo socorrer quem diz ‘alguém me ajude, por favor’, como se diz nos filmes dublados. Só ajudo se gritar ‘socorro’. E bem alto. Não sei como viver numa sociedade que não dá nome correto às coisas, numa sociedade em que o eufemismo prevalece sobre a informação.”

O que faz essas expressões entrarem e saírem de moda? Quais as mais comuns? Por que algumas permanecem mais em nossas cabeças do que outras? Qual a justificativa do uso contínuo do gerúndio para o telemarketing? Quais as consequências do uso constante dessas muletas? Há o empobrecimento da língua devido aos modismos? O que fazer para evitá-los?

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal seu texto! deu pra ficar bastante informadaa!
Yzadora B.

Anônimo disse...

Opaaa Yzadora!


Acho que o nosso trabalho ficará parecido! muhahahha

Anônimo disse...

Muito obrigada, me ajudou muito. E também fiquei super informada.

Anônimo disse...

Me ajudou bastante a fazer meu trabalho, muito bom.