quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Antes do ano que nunca terminou...


Vaias e Aplausos

Alegria, alegria, em meio à roda viva de um público caloroso e decidido a pontear até a última nota de seu artista preferido. Esse era o cenário, em 1967, para a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, realizado no Teatro Paramount. Mais que uma final de competição - para não dizer uma guerra de torcidas -, havia certo tom de preparação para os anos decorrentes: mais festivais, o tão próximo ano de 1968 e os rumos da MPB; o festival estaria marcado para sempre na história musical brasileira, não seria como um simples passeio de domingo no parque.

Mesmo com uma produção simples e modesta, deu-se a abertura da final em meio a um lotado teatro no centro de São Paulo; afinal, estavam pela música, e não pela decoração e fogos de artifício. A luta pelo grande prêmio seria disputada entre os que se tornariam gigantes da música popular brasileira, além de reconhecidos mundialmente: Caetano, Gil com Mutantes, Chico, a pimentinha Elis e o futuro rei Roberto, ainda na época que usava preto.

Entre vaias e aplausos, não sabendo em qual havia mais força, apresentavam-se os artistas em conjunto a coro uníssono e histeria ou com direito a mais vaias e aplausos ou até mesmo predestinações de “já ganhou”. Veloso, Gil e os Mutantes mostraram uma mistura saborosa do tradicional e nacional com o novo; um diálogo entre suas raízes e recentes paixões. O calor do público conseguiu expulsar Sérgio Ricardo, o que resultou na atitude mais iê-iê-iê de todos, massacrar o próprio violão e jogá-lo na multidão. Mas pareceu que nada pôde comparar-se aos grandes vencedores da noite: Edu Lobo, Marília Medalha e Quarteto Novo, com a aplaudida e reverenciada Ponteio. Saímos com duas certezas. Nada mais foi igual. E Jair Rodrigues foi o maior showman entre tantos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Resultados

Aqui já estava a criar teias pelos cantos de tanto tempo que não tocava uma só palavra pela tela. Foi praticamente impossível escrever durante a viagem que segui por cerca de 23 dias. Especificamente por dois motivos: 1) quase não tive tempo de usar computador/internet e 2) sinto até frio na espinha com os teclados que encontrei pelo caminho, não por sua sujeira - isso é de se relevar -, mas a troca de letras e falta de acentos deixava a beleza da escrita como uma das piores torturas encontradas na face da Terra.

Agora, alguns dias depois, quase que exatos sete dias de meu retorno às terras tupiniquins, decido colocar em prática a escrita on-line de tudo que fiz pessoalmente e registei da forma mais arcaica possível, no papel. Não que tive grandes aventuras e perseguições em alta velocidade, afinal, estava viajando sozinho e andando muito a pé.

O que falar de resultados? Chega a ser complicado explicar tudo que pensei durante passeios, vistas, correria, calor e frio, frio e calor com chuva, sem contar das reflexões. Uma coisa tenho certeza, não da para ser o mesmo. De uma forma estranha voltei diferente, com pensamentos diferentes, mais leve, mais querendo conhecer coisas, ler coisas e ainda com a mesma sede da música. Sair de casa - casa entenda a cidade, pois nunca estou cansado da minha casa de fato -, mudar os ares e ficar um pouco distante de tudo aquilo que estava me prendendo - como uma âncora. Não há nada melhor do que se livrar um pouco de um peso que, caso ficasse, me deixaria cada vez mais preso e talvez irritado.

Foi uma viagem, que mesmo sozinho, deu para melhorar, conhecer pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, com costumes e culturas diferentes e gostos podendo ser diferentes ou não. Faltava um pouco de vida a uma pessoas que gosta de viver, mesmo de forma diferente e única. Era o tempero que faltava - mesmo eu não gostando de temperar saladas - para que eu pudesse melhorar, enxengar as coisas de forma diferente - não diferente, mas melhor, mais bacana - e dar um grande valor a toda a experiência conquistada e principalmente à vida.

Mudar é interessante, estar bem é melhor do que qualquer coisa.