Vaias e Aplausos
Alegria, alegria, em meio à roda viva de um público caloroso e decidido a pontear até a última nota de seu artista preferido. Esse era o cenário, em 1967, para a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, realizado no Teatro Paramount. Mais que uma final de competição - para não dizer uma guerra de torcidas -, havia certo tom de preparação para os anos decorrentes: mais festivais, o tão próximo ano de 1968 e os rumos da MPB; o festival estaria marcado para sempre na história musical brasileira, não seria como um simples passeio de domingo no parque.
Mesmo com uma produção simples e modesta, deu-se a abertura da final em meio a um lotado teatro no centro de São Paulo; afinal, estavam pela música, e não pela decoração e fogos de artifício. A luta pelo grande prêmio seria disputada entre os que se tornariam gigantes da música popular brasileira, além de reconhecidos mundialmente: Caetano, Gil com Mutantes, Chico, a pimentinha Elis e o futuro rei Roberto, ainda na época que usava preto.
Entre vaias e aplausos, não sabendo em qual havia mais força, apresentavam-se os artistas em conjunto a coro uníssono e histeria ou com direito a mais vaias e aplausos ou até mesmo predestinações de “já ganhou”. Veloso, Gil e os Mutantes mostraram uma mistura saborosa do tradicional e nacional com o novo; um diálogo entre suas raízes e recentes paixões. O calor do público conseguiu expulsar Sérgio Ricardo, o que resultou na atitude mais iê-iê-iê de todos, massacrar o próprio violão e jogá-lo na multidão. Mas pareceu que nada pôde comparar-se aos grandes vencedores da noite: Edu Lobo, Marília Medalha e Quarteto Novo, com a aplaudida e reverenciada Ponteio. Saímos com duas certezas. Nada mais foi igual. E Jair Rodrigues foi o maior showman entre tantos.
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