Mais uma semana, pouco agitada, adicionada ao Caso Isabella; notícias padronizadas tanto no Estado quanto na Folha, porém nada realmente revelador e marcante. A defesa continuou a negar o envolvimento do casal com a morte da garota, a polícia continua as investigações – mais testemunhas foram ouvidas, continuando assim, a soma logo passará dos dois dígitos -; a mídia cobrindo todo o caso como se fossem lobos em cima da carne, sem piedade, sem emoções, assim como o casal Nardoni – muita frieza é apresentada para um casal que acaba de perder a filha de forma tão cruel e trágica. Destaque para o Fantástico do domingo passado (20 de Abril) que mostrou a entrevista exclusiva com Alexandre e Anna Carolina, o promotor Francisco Cembranelli ressaltou que nessa entrevista os acusados agiram de forma diferente dos dias de interrogatórios; para a televisão, muito mais emoção foi mostrada do que foi realmente “na vida real”.
Estamos em um tipo de buraco, onde todos os dias mais e mais informações são despejadas em nossas mentes, pela mídia. Não acredito que todo esse circo seja necessário para esse caso, não que ele mereça cair no esquecimento ou não possua importância alguma. A cobertura do caso acabou indo longe demais, assim como a falta de envolvimento da maior parte das pessoas. Essa semana foi a primeira vez que pudemos ver protestos de uma pequena parcela da população contra o casal. Após mais de três semanas de caso, o quê levou apenas nesta algumas pessoas saírem às ruas e gritarem contra o casal em frente a casa dos pais da madrasta?
Deveríamos abrir os olhos para o caso e analisarmos de outra maneira; não apenas como mais um caso João Hélio. Esse caso, especificamente, é o espelho do Brasil e de sua sociedade. Cresce na alma do povo uma camada espessa de metal; estamos com o coração duro, cada vez mais cínicos e passivos diante às brutalidades. Citarei um grande pedaço do artigo de terça-feira, de Arnaldo Jabor: “Como entender que um pai e uma madrasta possam ter ferido, estrangulado e atirado uma menininha de 5 anos pela janela? Como entender a cara sólida e cínica que eles ostentam para fingir inocência? Como não demonstram sentimento de culpa nenhum? Ninguém berra? Ninguém chora? Como podem querer viver depois disso? Como essa família toda – pais, mães, irmãos - se une na ocultação de um crime? Como o avô pôde dizer com cara-de-pau que ‘se meu filho fosse culpado eu denunciaria’? Que quer essa gente? Preservar o bom nome da família? Mas, são parentes ou cúmplices? Como podem os advogados de defesa posar de gravata e terninho e cara limpa, falando de uma ‘terceira pessoa’? Sei que eles responderiam: ‘todos têm direitos de defesa...’, mas, como é que eles têm estomago?”. É impensável que tamanho horror tenha acontecido dentro de uma família de classe média; levando a crer que as mudanças estão, além de tudo, dentro das casas de cada brasileiro. Talvez a única pessoa mais sensata dentro do caso seria a mãe da garota, Ana Carolina Oliveira, que tenta retomar sua vida e deseja justiça; comentou: “As pessoas querem que eu faça escândalo. Não vai acontecer. Nada vai trazer minha filha de volta e eu quero seguir”.
A polícia brasileira mostra muita eficiência pericial no caso Isabella, porém não podemos dizer o mesmo de nossa estrutura penal; defasada perante o crescimento e a “inovação” da barbárie. Não apenas nesse caso, mas em muitos, os “condenados” estão pelas ruas; livres, leves e soltos. Com o crescimento da crueldade, se podemos dizer, as leis de execução penal deveriam ser mais eficientes, rápidas, com punições mais temíveis e relativamente cruéis, violentas e mais rápidas, também. Não há mais como tolerar todos esses crimes horríveis e, muito menos, nossas leis antiquadas; os crimes devem ser estudados e as penas devidamente revistas. A lei deveria ser mais temida, rápida e cruel.
Talvez esteja na hora da justiça abrir os olhos e perceber a realidade ao seu redor; quem sabe com uma ajuda da mídia. É incontestável os criminosos, por meio da lei, conseguirem viver soltos ou sem julgamento; parece que nos dias de hoje o melhor é ser pego e deixar que a lei o liberte, ou faça com que o caso fique pendurado por anos e anos. Podemos ver com o passar dos anos que a lei realmente é cega, ou apenas aparenta ser; o cidadão possui direitos, mas existem direitos para esses monstros que encontramos soltos por aí? Para se ter direitos, tem que ser cidadão e cidadania é merecimento.